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segunda-feira, junho 18, 2007

Para Maria da Graça - Paulo Mendes Campos


Este texto eu li há muito tempo numa coletânea de Paulo Mendes
Campos. Acho genial e de profunda sensibilidade humana:


PARA MARIA DA GRAÇA - Paulo Mendes Campos

Agora, que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça,
eu te dou este livro: Alice no País das Maravilhas.
Este livro é doido,
Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.
Escuta: se não descobrires um
sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande
vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as
coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas
poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.
A realidade, Maria, é louca.



Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar
à pergunta que Alice faz à gatinha: "Fala a verdade Dinah, já comeste um
morcego?"
Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para
melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. "Quem sou eu no mundo?" Essa
indagação perplexa é lugar-comum de cada história de gente. Quantas vezes mais
decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais
forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar
uma resposta. Ainda que seja mentira.
A sozinhez (esquece essa palavra que
inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço:
"Estou tão cansada de estar aqui sozinha!" O importante é que ela conseguiu sair
de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os
grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada ou
vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos tão bobos,
Maria. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar
dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo e não cresceu de tamanho,
ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às
pessoas que comem bolo.



Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem
de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir
desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon" Pois viver é falar de
corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para tua sabedoria de bolso: se
gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou
à Alice: "Gostarias de gato se fosses eu?"
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e
internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até
irmãos, até marido e mulher, até namorados todos vivem apostando corrida.

São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! mas quem ganhou?" É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares
sempre onde quiseres, ganhaste.


Disse o ratinho: "A minha história é longa e triste!" Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance só é o
jeito de contar uma vida, foge, polida mas energeticamente, dos homens e das
mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!" Sobretudo dos
homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.



Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito
devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou
mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e
não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo"
Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta a parábola perfeita: Alice tinha diminuido tanto de
tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito,
Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um
outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que
expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. É isso mesmo. A alma
da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade
imensa de camundongos que parecem hipopótamos e rinocerontes que parecem
camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto
para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de
camundongo. E como tomar o pequeno por grande e grande por pequeno é sempre meio
cômico, nunca devemos perder o bom-humor`.
Toda a pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti
mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para grandes ocasiões.
Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou
de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos,
em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes
ocasiões.

Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se
abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de
não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o
enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora
serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas".
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso
ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.




Suzane Vega tradução da música Penitent


Gosto bastante da música Penitent de Suzane Vega. Acho o arranjo muito
interesante, principalmente com aqueles acordes abertos de violão sendo
arpejados.

Suzane Vega estourou na mídia em 1987
com os sucessos ‘Tom Dinner’ e ‘Luka’.

De lá prá cá seu trabalho musical está cada vez melhor a ponto de ter estado
na capa de revistas sobre música constantemente nos últimos anos.

Estou postando aqui a minha tradução da letra de Penitent, já que não achei
nenhuma por aí...

Suzane Vega

(tradução Daniel Elói P Oliveira)

Once I stood alone so proud Um vez eu me encontrei sozinho tão orgulhoso
Held myself above the crowd Mantive-me acima da multidão
Now I am low on the ground. Agora eu estou rente ao chão
From here I look around to see Daqui eu olho em volta prá ver
What avenues belong to me Que as avenidas pertencem a mim
I can't tell what I've found.
Eu não posso dizer o que tenho encontrado
Now what would you have me do
Agora o que você me teria feito
I ask you please?
Eu quero saber, por favor?
I wait to hear. Eu espero ouvir

The mother and the matador,
A mãe e o matador,
the mystic; each were here before, O místico; cada um deles estavam aqui antes
like me, to stare you down. Assim como eu, para perturbá-lo com o olhar
You appear without a face, Você aparece sem uma face
disappear, but leave your trace, Desaparece mas deixa seu rastro
I feel your unseen frown.
Eu sinto o seu imperceptível desagrado

Now what would you have me do
Agora o que você me teria feito
I ask you please? Eu quero saber, por favor
I wait to hear Eu espero ouvir

your voice, sua voz

the word, a palavra
you say. Que você diz
I wait to see your sign Eu espero ver o seu sinal
would I obey? Devo obedecer?

I look for you in heathered moor,
Eu procuro por você no pântano,

the desert, and the ocean floor no deserto, e no fundo do oceano
how low does one heart go.
O quanto baixo um coração faz ir

looking for your fingerprints
Procurando pelos suas impressões digitais
I find them in coincidence,
Eu encontrei-as por coincidência

and make my faith to grow. E fez minha fé crescer

forgive me all my blindnesses
Perdoe todas minhas cegueiras

my weakness and unkindnesses Minhas fraquezas e indelicadezas
as yet unbending still.
A inflexível quietude até agora

Struggling so hard to see Esforçando-se duramente prá ver

my fist against eternity Meu punho contra a eternidade
and will you break my will?
E você vai frustrar minha vontade?



PORQUE MOSQUITOS NÃO PODEM TRANSMITIR AIDS (Why Mosquitoes Cannot Transmit Aids)

Professor Wayne J Crans, entomologista.

Achei este interessante artigo sobre porque os mosquitos não podem transmitir AIDS. Vou traduzir livremente para os leitores que não são familiarizados com o idioma inglês. Aviso que não trabalho na área de saúde e portanto não teria como responder nenhuma dúvida sobre este assunto:

PORQUE MOSQUITOS NÃO PODEM TRANSMITIR AIDS (Why Mosquitoes Cannot Transmit Aids)

por Wayne J. Crans
Tradução para o português por: Daniel Elói Pedroso de Oliveira
Artigo original Neste link ou Aqui

A possibilidade dos mosquitos transmitirem AIDS foi levantada pela imprensa logo que a doença foi reconhecida e o assunto ainda é publicada por tablóides que buscam incrementar sua circulação. O assunto foi iniciado por relatos de uma pequena comunidade no sul da Flórida onde evidências preliminares sugeriam que mosquitos poderiam ter sido responsáveis pelo aumento na média de incidência de AIDS na população local. A mídia foi rápida ao publicar as alegações de que os mosquitos estavam envolvidos na transmissão da AIDS, apesar dos levantamentos científicos do Centro Nacional para Controle de Doenças claramente demonstrarem que a transmissão de AIDS por mosquito naquela comunidade era altamente improvável. Apesar disso, algumas publicações perpetuaram a idéia de que mosquitos transmitem AIDS, e muitas pessoas ainda sentem que os mosquitos podem ser responsáveis pela transmissão desta infecção de um indivíduo para outro.

Existem três teóricos mecanismos que permitiriam que insetos sugadores de sangue tais como os mosquitos poderiam transmitir AIDS:

No primeiro mecanismo, um mosquito iniciaria o ciclo alimentando-se do sangue de um portador de HIV e ingerindo o virus. Para o vírus ser passado adiante, ele teria que sobreviver dentro do mosquito, de preferência reproduzindo-se e então migrar para as glândulas salivares do mosquito. O mosquito infectado procuraria então alimentar-se do sangue de um segundo indivíduo não contaminado e transferiria de suas glândulas salivares o vírus durante o processo de sucção. Este mecanismo é usado pela maioria dos parasitas de mosquitos, incluindo a malária, a febre amarela, a dengue e o vírus da encefalite.

No segundo mecanismo, um mosquito iniciaria o ciclo alimentando-se num portador de HIV e sendo interrompido depois de já ter sugado sangue. Ao invés de continuar a refeição parcial no seu hospedeiro inicial, o mosquito selecionaria uma pessoa livre de AIDS para completar a refeição. A medida que o mosquito penetrasse a pele do novo hospedeiro, ele transferiria unidades do vírus que estivessem aderindo à sua boca desde à refeição anterior. Este mecanismo não é comum em mosquitos vetores, mas a anemia infecciosa eqüina é transmitida aos cavalos desta maneira ao serem picados por moscas.

O terceiro teórico mecanismo também envolveria um mosquito que fosse interrompido enquanto estivesse se alimentando de um portador de HIV e continuasse a refeição num indivíduo diferente. Neste cenário, porém, o novo hospedeiro esmagaria o mosquito que está tentando se alimentar e espalharia sangue contaminado pelo HIV sobre o orifício feito pelo mosquito. Em teoria, qualquer vírus sendo carregado por um mosquito poderia ser transmitido desta maneira fornecendo quantidade suficiente de vírus para iniciar uma re-infecção pela contaminação.

Cada um destes mecanismos tem sido investigado com uma variedade de insetos sugadores de sangue e os resultados claramente mostram que mosquitos não podem transmitir AIDS. Relatórios sobre descobertas recentes, porém, tem sido confusos e a interpretação da media sobre eles não tem sido clara.

O indivíduo comum ainda não está convencido que os mosquitos não estão envolvidos na transmissão de uma doença que aparece no sangue, é passada de pessoa a pessoa e pode ser contraída por pessoas que compartilhando agulhas hipodérmicas. Aqui estão apenas algumas das razões porque os estudam tem mostrado que mosquitos não podem transmitir AIDS:

Mosquitos Digerem o Vírus Que Causa a AIDS

Quando um mosquito transmite um agente infeccioso de uma pessoa a outra, o agente deve permanecer vivo dentro do mosquito até que a transferência esteja completa. Se o mosquito digere o parasita, o ciclo da transmissão é finalizado e o parasita não pode passar para o próximo hospedeiro. Mosquitos que transmitem parasitas têm formas interessantes de evitar que sejam tratados como comida. Alguns são imunes às enzimas digestivas dentro do estômago do mosquito; a maioria seguem para fora do estômago o mais rápido possível para evitar que as poderosas enzimas digestivas que eliminariam rapidamente sua existência. Os parasitas da Malária sobrevivem dentro dos mosquitos de 9 a 12 dias e na verdade atravessam uma série de estagios de vida durante este período. O vírus da Encefalite sobrevive de 10 a 25 dias dentro de um mosquito e replica-se muito durante o período de incubação.

Estudos com HIV claramente mostram que o vírus responsável pela infecção da AIDS é tratado pelo mosquito como alimento e é digerido juntamente com o sangue que lhe serve de alimento. Como resultado, mosquitos que ingerem sangue infectados pelo HIV digerem este sangue de 1 a 2 dias e destroem completamente qualquer partícula de vírus que possam potencialmente produzir uma nova infecção. Uma vez que o vírus não sobrevive para reproduzir-se e invadir as glândulas salivares o mecanismo que os mosquitos portadores de parasitas usam para levar de um hospedeiro a outro não é possível com o HIV.Mosquitos não ingerem Partículas suficiente de HIV para Transmitir AIDS por Contaminação

Insetos portadores de agentes patológicos que possuem a habilidade de transferir de um indivíduo ao próximo através das estruturas de sua boca devem ter em suas correntes sangüineas um altíssimo número de vírus. A transferência de vírus pela boca requer um número suficiente de partículas contaminadas para gerar uma nova infecção. O número exato de partículas infecciosas variam de uma doença para outra. O HIV circula em pouquíssimo número no sangue – bem abaixo dos níveis de qualquer outra doença conhecida que seja transmitida por mosquitos vetores. Indivíduos infectados raramente tem mais do que 10 unidades de HIV na circulação, e 70 a 80% das pessoas infectadas tem níveis indetectáveis de partículas de unidades de virus em seu sangue.

Cálculos feitos com mosquitos e o HIV mostram que um mosquito que tem sua alimentação interrompida ao sugar o sangue de uma pesssoa HIV positiva com 1000 unidades de HIV, tem a probabilidade de 1:10 milhões de injetar uma simples unidade de HIV para uma pessoa sadia. Em termos leigos um indivíduo livre de HIV teria que ser picado por 10 milhões de mosquitos que tivessem começado a se alimentar de um portador de HIV para receber paenas uma unidade de HIV da boca de mosquitos contaminados. Usando o mesmo cálculo, esmagar um mosquito totalmente cheio de sangue com AIDS ainda não se aproximaria dos níveis necessários para iniciar uma infecção.

Em resumo, a transmissão de AIDS por mosquitos contaminados parecem estar bem além dos limites da probabilidade. Portanto, nenhum dos mecanismos citados anteriormente parecem ser possíveis para a transmissão de HIV.

Mosquitos Não São Agulhas Hipodérmicas Voadoras

Muitas pessoas vêem os mosquitos como pequenas seringas hipodérmicas e se agulhas podem transmitir HIV de um indivíduo a outro então os mosquitos possuem a capacidade de fazer o mesmo. Nós já vimos que indivíduos infectados pelo HIV não possuem na circulação número suficiente para desencadear esse tipo de contaminação. Entretanto, mesmo se indivíduos HIV-positivos tivessem alto número de vírus em sua circulação, os mosquitos não poderiam transmitir pelos métodos que são empregados no uso de seringas usadas. A maioria das pessoas têm consciência de que os mosquitos regurgitam a saliva antes de se alimentarem, mas não sabem que o canal de alimentação e o canal salivar são passagens separadas no mosquito.

O aparelho de alimentação do mosquito é uma estrutura extremamente complicada que é totalmente distinto de uma simples seringa. Ao contrário de uma seringa, o mosquito solta fluídos salivares através de uma passagem e suga sangue por outra . Como resultado o canal de alimentação é enchido de sangue e este sangue flui sempre de forma unidirecional.

Os mecanismos envolvidos na alimentação dos mosquitos são totalmente diferentes dos mecanismos com os usuários de drogas são infectados pelas agulhas. Em resumo, os mosquitos não são agulhas hipodérmicas voadoras e um mosquito que injeta saliva em seu corpo não está o injetando o resto de sua última refeição.




Mensagens Subliminares







Acho muito intrigante essa história de mensagens subliminares.
Já ouvi falar que empresas, políticos, etc usam-nas para atrair as pessoas para
seus produtos ou propostas.



Também reconheço que tem muita coisa que é forçada, na
interpretação de um logotipo, imagem, música ou qualquer outra fonte que possa
possuir uma mensagem subliminar.Ou seja, que algumas pessoas acham mensagens
subliliminares em coisas que são apenas meras coincidências.



O Site http://www.mensagens-subliminares.kit.net mostra vários exemplos de mensagens subliliminares, inclusive as que
estão relacionadas ao guaraná Antártica, que além do "G" ou número nove
facilmente visíveis teria no próprio logotipo, aquele das frutinhas vermelhinhas
uma
mensagem subliliminar representando uma mulher.


Jabaculê




Momento Auto-Publicitário... Este é um clipe caseiro
da minha banda Habeas.


A partir de algumas imagens de um Show em Canoas, feitas
pelo meu sobrinho João Batista Andriotti Oliveira, editei no Vegas 6.0.


A trilha de áudio inserida é de estúdio e deu uma
trabalheira danada prá sincronizar com o vídeo.


As inserções da paisagem de São Francisco de Paula, na
serra Gaúcha foram feitas apartir de algumas filmagens feitas pelo meu filho
Gabriel Elói Schmitt de Oliveira, com minha câmera fotográfica digital Aiptek a
partir da janela do carro em movimento.


Neste dia deu um temporal muito forte e a tempratura caiu
uns 12 graus em questão de poucas horas. Quando olhei pro céu e resolvi voltar
de São Francisco não imaginava o filme de terror que seria logo depois quando o
temporal forte derrubava galhos na pista já normalmente perigosa.


O áudio foi bastante prejudicado pela conversão feita pelo
YouTube. Ainda vou descobrir como melhorar isso ao postar vídeos lá.


O site da minha banda é www.habeasrock.com



AosMeus Amigos (do Jornalista Paulo Santana)

Abaixo um texto bem
legal do jornalista Paulo Santana sobre a amizade. (Esse texto é atribuído
erroneamente na Internet a Vinícius de Moraes)



Tenho amigos que não sabem o quanto são
meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que
tenho deles.


A amizade é um sentimento mais nobre
do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu
poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não
percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas
existências...


A alguns deles não procuro, basta-me
saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela
vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto
gosto deles. Eles não iriam acreditar.


Muitos deles estão lendo esta
crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é
delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os
procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me
são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles
fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do
meu encanto pela vida.


Se um deles morrer, eu ficarei torto
para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles
saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em
síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu
egoísmo.


Por vezes, mergulho em pensamentos
sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me
alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele
prazer...


Se alguma coisa me consome e me
envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus
amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são
meus amigos!


A gente não faz amigos,
reconhece-os.

PAULO SANTANA



AUGUSTO DOS ANJOS E EU


Somente aos 17 anos que conheci a obra do grande poeta brasileiro Augusto
dos Anjos,quando eu cursava o 3º ano do segundo grau no Colégio Concórdia em Canoas RS. Foi encantamento a primeira vista.

O primeiro soneto, apresentado nas aulas de literatura brasileira pela professora Ilka foi o genial "Vandalismo". Decorei-o e sei recitá-lo até hoje.

Mas tive mesmo grande surpresa foi quando um bom tempo depois li o soneto "Versos Íntimos". Digo surpresa porque achei uma grande coincidência e semelhança com uma letra de música que eu havia escrito aos 15 ou 16 anos. Bem antes de conhecer a obra do poeta.

A música se chamava "Observância Interna" e fazia parte do repertório da banda que havíamos formado havia alguns anos chamada "Apocalipse". Com grande influência pinkfloydiana a banda fazia rock progressivo com letras em português.

A que atribuo essa coincidência de palavras e idéias entre os dois textos? Acho que não é nada de outra vida não. Suponho que seja simplesmente uma forte coincidência. Ou como muitos acreditam, 'captamos' a mesma impressão sobre um determinado tema.


Passo a citar a semelhança, bem como uma breve biografia de Augusto dos Anjos:

Antes, o trecho da minha letra:

Observância Interna (refrão)

Eis o homem, criatura da lama

Eis a mente engana-se

Eis a fera que reverte-se

Em eterna chama

A seguir, o soneto de Augusto dos Anjos (em azul a
coincidência)...

Versos Íntimos Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última
quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira
inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra
miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser
fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a
véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil
que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!



Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
nasceu no Engenho Pau d'Arco, Paraíba, no dia 20 de abril de 1884. Aprendeu
com seu pai, bacharel, as primeiras letras. Fez o curso secundário no Liceu
Paraibano, já sendo dado como doentio e nervoso por testemunhos da época. De uma
família de proprietários de engenhos, assiste, nos primeiros anos do século XX,
à decadência da antiga estrutura latifundiária, substituída pelas grandes
usinas. Em 1903, matricula-se na Faculdade de Direito do Recife, formando-se em
1907. Ali teve contato com o trabalho "A Poesia Científica", do professor
Martins Junior. Formado em direito, não advogou; vivia de ensinar português.
Casou-se, em 04 de julho de 1910, com Ester Fialho. Nesse ano, em conseqüência
de desentendimento com o governador, é afastado do cargo de professor do Liceu
Paraibano. Muda-se para o Rio de Janeiro e dedica-se ao magistério. Lecionou
geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional,
depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor. Em 1911,
morre prematuramente seu primeiro filho. Em fins de 1913 mudou-se para
Leopoldina MG, onde assumiu a direção do grupo escolar e continuou a dar aulas
particulares. Seu único livro, "
Eu", foi publicado em 1912. Surgido em
momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem
representativo do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianismo por
alguns aspectos e simbolista por outros. Praticamente ignorado a princípio, quer
pelo público, quer pela crítica, esse livro que canta a degenerescência da carne
e os limites do humano só alcançou novas edições graças ao empenho de Órris
Soares (1884-1964), amigo e biógrafo do autor.


Cético em relação às possibilidades do amor ("Não sou capaz de
amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me"),
Augusto
dos Anjos
fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu pensamento.
Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e tudo é egoísmo
e angústia em seu livro patético ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte"). A vida
e suas facetas, para o poeta que aspira à morte e à anulação de sua pessoa,
reduzem-se a combinações de elementos químicos, forças obscuras, fatalidades de
leis físicas e biológicas, decomposições de moléculas. Tal materialismo, longe
de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo pessimismo ("Tome, doutor, essa
tesoura e corte / Minha singularíssima pessoa"). Ao asco de volúpia e à
inapetência para o prazer contrapõe-se porém um veemente desejo de conhecer
outros mundos, outras plagas, onde a força dos instintos não cerceie os vôos da
alma ("Quero, arrancado das prisões carnais, / Viver na luz dos astros
imortais").


A métrica rígida, a cadência musical, as aliterações e rimas
preciosas dos versos fundiram-se ao esdrúxulo vocabulário extraído da área
científica para fazer do "
Eu" — desde 1919 constantemente reeditado como
"
Eu e outras poesias" — um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor
da forma. Com o tempo, Augusto dos Anjos tornou-se um dos poetas mais lidos do
país, sobrevivendo às mutações da cultura e a seus diversos modismos como um
fenômeno incomum de aceitação popular. Vitimado pela pneumonia aos trinta anos
de idade, morreu em Leopoldina em 12 de novembro de 1914.



O poema acima foi incluído no livro "
Os Cem Melhores
Poemas Brasileiros do Século", organizado por Ítalo Moriconi para a Editora
Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 61.