Uma biblioteca pode ser muito grande, mas desordenada não é tão útil quanto uma pequena e bem organizada.
Do mesmo modo, um homem pode possuir uma grande quantidade de conhecimento, mas se não o tiver
trabalhado em sua mente por si, tem muito menos valor que uma quantidade muito menor que foi
cuidadosamente considerada. Pois é somente quando um homem analisa aquilo que sabe em todos os aspectos,
comparando uma verdade com outra, que se dá conta por completo de seu próprio conhecimento e adquire seu
poder. Um homem só pode ponderar a respeito daquilo que sabe — portanto, deveria aprender algo; todavia,
um homem só sabe aquilo sobre o que ponderou.
Ler e aprender são coisas que qualquer indivíduo pode fazer por seu próprio livre-arbítrio — mas pensar não. O
pensar deve ser incitado como o fogo pelo vento; deve ser sustentado por algum interesse no assunto em
questão. Esse interesse pode ser puramente objetivo ou meramente subjetivo. O último existe em questões que
nos dizem respeito pessoalmente. O interesse objetivo encontra-se somente nas cabeças que pensam por
natureza, para as quais pensar é tão natural quanto respirar — mas são muito raras; por isso há tão pouco dele
na maioria dos homens do conhecimento.
(Fragmento extraído do livro Do Pensar por Si - Arthur Scopenhauer)