Aborto - Crime e Conseqüências
Fernando A. Moreira
"O maior destruidor da paz no Mundo hoje, é o aborto. Ninguém tem o direito de tirar a vida; nem a mãe, nem o pai, nem a conferência, ou o Governo." Madre Tereza de Calcutá (Mensagem à Conferência na ONU).
As Conseqüências
O aborto é um crime hediondo que produz uma série de conseqüências espirituais, perispirituais, físicas, psicológicas e legais.[3]
Conseqüências espirituais e perispirituais: estão relacionadas ao crime, com repercussões para o criminoso e a vítima. PARA O CRIMINOSO: Em trabalho publicado na Revista Internacional de Espiritismo [x], referimo-nos à programação genética reencarnatória [4], já que "não existindo o acaso, tudo na reencarnação acontece sob a égide de Deus, o Senhor da Vida. Sendo esta programada, os Espíritos Superiores atuariam como construtores ou geneticistas, no fluxo da vida, selecionando o óvulo e o espermatozóide que originarão o ovo; sempre que possível participa nesta seleção genética o Espírito reencarnante, sendo o grau de comando dos Espíritos Superiores inversamente proporcional ao estágio evolutivo do Espírito. Estabelecem-se, outrossim, fortíssimos compromissos entre os pais e o Espírito reencarnante e vice-versa.
Colaboram os Espíritos simpáticos e tentam interferir negativamente os Espíritos inimigos, de acordo com as possibilidades das sintonias". O produto deste magnífico trabalho de corporificação da espiritualidade é o ovo, que originará os 75 trilhões de células do corpo físico [3], indo servir de roupagem ao Espírito reencarnante, como veículo possuidor de todas as dimensões necessárias e suficientes, colocadas a seu serviço para executar sua proposta reencarnatória e conduzi-lo à evolução espiritual. O aborto não é uma solução, é um adiamento doloroso, uma porta aberta de entrada no crime e no mal, e um rompimento de compromissos estabelecidos pelo Espírito, ora delituoso, com Deus, com o reencarnante e em última análise consigo mesmo. Quem quer que venha praticar esse delito ou com ele colaborar predispõe-se a alterações significativas do centro genésico, em seu perispírito, com conseqüências atuais e posteriores, na esfera patológica de seus órgãos sexuais e também, por vezes, dos centros de força (chacras) coronário, cardíaco e esplênico com todas as repercussões pertinentes.
Nós estamos preparando hoje a reencarnação de amanhã; um aborto provocado agora se refletirá no chacra genésico, e será mais além o aborto espontâneo, pois a paternidade e a maternidade não valorizados hoje, o serão com certeza amanhã, noutra encarnação, mas agora por um processo educativo, que passa pela dor e pelo sofrimento redentor. Em igual patamar, como conseqüência, estão a prenhez tubária, a placenta prévia, o descolamento prematuro de placenta, a esterilidade, a impotência, entre outras causas que atingem a esfera do aparelho reprodutor masculino e feminino.
PARA A VÍTIMA: O único caso em que é aceito o aborto, pela Doutrina Espírita, é quando existe risco insuplantável para a vida da mãe [x] . Em todos os demais casos considera-se ser este compromisso inquebrantável, sob o ponto de vista moral e portanto consciencial espiritual, quer na prova dolorosa do estupro, quer nos fetos acárdicos e anencéfalos, ou qualquer argumento, como o direito de escolha da mulher e sua plasticidade, falta de recursos financeiros, etc.
A luta entre o "devo mas não posso e o posso mas não devo" nada mais é do que "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm" (Paulo, I Coríntios, 6:12). A reação da vítima, o Espírito reencarnante, varia, de acordo com seu grau evolutivo, da decepção, quando aproveita a reencarnação malograda para sua purificação, à obsessão, e dadas as circunstâncias, é mais provável que reaja da segunda forma, sintonizando-se às vezes com verdadeiras falanges de Espíritos obsessores: "(...) ódio aos que se recusaram a recebê-los num novo berço e, quando não lhes infernizam a existência terrena, em longos processos obsessivos, aguardam, sequiosos de vingança, que façam o trespasse, para então tirarem a forra, castigando-os sem dó nem piedade." [5]
Conseqüências físicas - Conseqüências físicas imediatas: Consideremos aqui as de ocorrência médica, que acontecem nesta encarnação. Estima-se que a morte da gestante ocorra em 20% dos casos de abortamento provocado na clandestinidade e além disso descrevem-se: perfurações do útero com cureta, sondas, velas, etc.; anemia aguda, decorrente de hemorragias provocadas por estas últimas, por abortamento incompleto (restos ovulares) e demais traumatismos da vagina, do útero e das trompas; infecções, inclusive tétano, abscessos, septicemias, gangrenas gasosas; esterilidade secundária; lesões intestinais, complicações hepáticas e renais pelo uso de substâncias tóxicas."[2] Assim, o aborto, quando não determina a morte, pode imprimir marcas indeléveis no corpo físico e, como vimos, também no corpo perispiritual.
Conseqüências psicológicas - Não podemos fugir da nossa consciência, nem pretextar ignorância das Leis Morais pois elas estão aí impressas"[6] , e quando se pratica este tipo de crime, desperta-se o sentimento de culpa, o arrependimento e às vezes o remorso, a nos perseguir por toda vida física e extrafísica. O arrependimento é a ante-sala da reabilitação, e quando dinâmico, canalizado para ações construtivas, pode levar, via reforma íntima e trabalho regenerador, e não raro espelhado na adoção, a minimização de nossas faltas. O remorso é a lamentação interior inoperante, completamente estático, que como um ácido corrói o recipiente onde é guardado, provocando a viciação mental, a mente em desarmonia, que é porta aberta aos processos obsessivos."[x]
Conseqüências legais - Não nos estenderemos sobre o tema, lembrando que "nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legalizado"[7] . O aborto é um crime, e se não é admissível que morram mulheres jovens, menos admissível ainda é que se assassinem covardemente os mais jovens ainda e mais indefesos, praticando-o. O assunto é tratado nos artigos 124 a 128 do Código Penal, determinando penas que vão de 1 a 10 anos.
Conclusão:
"O primeiro dos direitos naturais do homem é o direito de viver. O primeiro dever é defender e proteger o seu primeiro direito: a vida."[8]
O aborto é um crime nefando, porque praticado contra um inocente indefeso; o produto da concepção está vivo, e tem o direito Divino de continuar vivendo e de nascer. Transgride-se assim o 5o Mandamento: "Não Matarás".
Errar é humano; assumir o erro, é divino.
O Espiritismo não aceita a legalização do aborto, nem com ela compactua, porque legalizá-lo é legalizar o crime e a irresponsabilidade. O "aborto seguro" com que acenam, dizendo-se defensores da vida da mulher, mesmo se verdadeira, não passa de uma proposta para o crime, em que saem em desvantagem as vítimas, os inocentes e indefesos conceptos e aparentemente premiada a irresponsabilidade, excetuando-se desta os casos de estupro, no qual também não justificamos o delito, pois mesmo aí existe um compromisso cármico a ser cumprido.
"Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus:[9]
– Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?"
E quem praticou o aborto responderá:
– Eu matei meu próprio filho...
Quem assim dirá, embora reconhecendo a grave falta em que incorreu, não deve cultuar o remorso ou consumir-se no sentimento corroente da culpa, que levariam à estagnação, mas dinamizar-se e orientar sua energia no trabalho regenerador, agora sim, na defesa da vida, praticando a caridade, dedicando-se ao próximo e servindo com amor, que alcançariam sua plenitude na dádiva espelhada da adoção, na certeza de que com esses procedimentos encontrará a justiça indulgente e a misericórdia do Criador.
"Não é na culpa corrosiva nem no remorso paralisante, mas sim no arrependimento dinâmico que nos remete à ação e ao amor, afastando-nos do vale da dor e do sofrimento, que encontraremos o caminho da libertação."[10]
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Referências Bibliográficas:
[1] FURLAN, Laércio. Respeito ao embrião e ao feto – Diga não ao Aborto. Mundo Espírita. Jan. 98, p. 2.
[2] REZENDE, Jorge. Ed. Guanabara-Koogan, 1963, p. 667.
[3] MOTA JR., Eliseu Florentino. Aborto sob a luz do Espiritismo. Matão (SP): Casa Ed. O Clarim, 1995, p. 97 e 121.
[4] MOREIRA, Fernando Augusto. Reencarnação e Genética, Revista Internacional de Espiritismo, março 2000, p. 6.
[5] CALLIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais. 8. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1991, p. 77.
[6] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, 80. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1987, perg. 358, 359 e 621.
[7] CARVALHO, Alamar Régis. O Aborto e suas conseqüências, SEDA – Salvador, (BA): 31-7-99)
[8] KARDEC, Allan. Revista Espírita. Aborto; direito ou crime?; extraído do site www.cvdee.org.br , em 24-11-99.
[9] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, 116. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1987, p. 240.
[10] GANDRES, Doris Madeira. Tesouro maior, Revista Internacional do Espiritismo, jan. 1999, p. 220.
[1]1 XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz. Missionários da Luz. 34. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2000, p. 187 a 189 e 208.
[12] KÜHL, Eurípides. Genética e Espiritismo, Rio de Janeiro: FEB, 2. ed., 1996, p. 40.
[13] MIRANDA, Hermínio C. Nossos Filhos são Espíritos. Publ. Lachâtre, 1995, p. 47.
[14] SOARES, José Luis. Biologia. Ed. Scipione, 1997, p. 195.
[15] DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor, 23. ed. FEB, 2000, p. 193.
[16] ROCHA, Alberto de Souza. Além da matéria densa. Ed. Correio Fraterno, 1997, p. 153. Reencarnação em foco. Casa Editora O Clarim, 1991, p. 105.
[17] LIMA, Inaldo Lacerda. Reformador, jun. 1987, p. 169.
[18] SANTA MARIA, José Serpa de. Direito de Viver. Reformador, jun. 1992, p. 168.
* As referências assinaladas com [x] correspondem às de números [1]1 a [18], pertencentes ao artigo Reencarnação e Genética (ver referência 1), em que se baseou o texto deste artigo.
Fonte:Revista REFORMADOR Julho de 2001
Obtido em: http://www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=7296