O "Soneto da Separação" de Vinicius de Moraes é uma obra profundamente emotiva que aborda a dor e a inevitabilidade da separação.
No poema, Vinicius utiliza a metáfora da tempestade para descrever o impacto de uma separação abrupta. Ele inicia com "De repente", sugerindo a inesperada chegada da ruptura, comparando o estado de alegria a um desastre natural que transforma tudo de maneira irreversível.
A linguagem é carregada de imagens sensoriais, como "A luz do amor, ao se apagar", que evoca a escuridão e a perda de direção após a partida de alguém querido. A separação é descrita como um corte profundo, onde cada palavra e gesto que antes significavam carinho agora simbolizam distanciamento e dor.
Vinicius finaliza com uma sensação de irrevogabilidade. As rimas e a estrutura do soneto reforçam a ideia de que a separação é tanto um evento externo quanto uma profunda experiência emocional.
O poema encapsula a essência do sofrimento e da transformação que acompanham a perda, e é um reflexo da maestria de Vinicius em expressar emoções universais através de suas palavras.
Este para mim é um dos sonetos mais geniais do grande poeta Vinícius de Morais.
SONETO DE SEPARAÇÃO
Vinícius de Morais
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Antologia Poética)