Google
 

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Meditacoes pra uma vida melhor

No livro “Meditações de Marco Aurélio” (o imperador romano),  há grandes lições de vida. Pensamentos, frases e reflexões que nos enchem de sabedoria para enfrentarmos os problemas da vida cotidiana.

Abaixo alguns trechos do livro:

 

“A tua atenção é desviada para preocupações exteriores? Então, concede-te um espaço de sossego dentro do qual possas aumentar o conhecimento do bem e aprender a refrear a tua inquietação. Defende-te também de outro tipo de erro: a loucura daqueles que passam os seus dias com muita ocupação mas carecem de um qualquer objetivo em que concentrem todo o seu esforço, melhor, todo o seu pensamento.”

 

“Quando Theophrasto compara os pecados — tanto quanto comumente se reconhece que são comparáveis — ele afirma a verdade filosófica de que os pecados do desejo são mais censuráveis do que os pecados da paixão.

Porque na paixão, o afastamento da razão parece trazer consigo, pelo menos, um certo desconforto e uma impressão meio sentida de constrangimento; enquanto que os pecados do desejo, entre os quais predomina o prazer, revelam um caráter mais auto-indulgente. Tanto a experiência como a filosofia apóiam a alegação de que um pecado que  dá prazer merece uma censura mais grave do que aquele que faz sofrer. Num caso, o prevaricador é como um homem amarrado a uma perda de controle involuntária; no outro, a ânsia de satisfazer o seu desejo leva-o a fazer o mal de sua própria vontade.”

 

“Mesmo que vivesses três mil anos, ou até trinta mil, lembra-te que a única vida que um homem pode perder é aquela que está a viver no momento; e mais,que ele não pode ter qualquer outra vida a não ser aquela que ele perde.

Isto significa que uma vida mais longa ou mais curta vão dar ao mesmo. Porque o minuto que passa é o bem igual de todos os homens, mas o que já passou não é nosso. A nossa perda, portanto, limita-se àquele momento fugaz, uma vez que ninguém pode perder o que já passou, nem o que está ainda para ir — porque como é que ele pode ser despojado daquilo que não tem? Assim, duas coisas temos de ter em atenção.

Primeiro, que todos os ciclos da criação, desde o princípio do tempo, têm o mesmo padrão recorrente, de modo que não importa que o mesmo espetáculo se observe durante cem anos ou durante duzentos, ou para sempre.

Segundo, que quando aqueles de nós que vivem mais, e os que vivem menos, morrem, as suas perdas são perfeitamente iguais. Porque a única coisa de que o homem pode ser despojado é o presente, uma vez que isso é tudo o que ele possui, e ninguém pode perder o que não é seu.”

 

“Na vida de um homem, o seu tempo é apenas um momento, o seu ser um fluxo incessante, os sentidos uma vela mortiça, o corpo uma presa dos vermes, a alma um turbilhão inquieto, o destino, negro, e a fama, duvidosa.

Em resumo, tudo o que é do corpo, é como água corrente, tudo o que é da alma, como sonhos e vapores; a vida, uma guerra, uma curta estadia numa terra estranha; e depois da fama, o esquecimento. Onde, pois, poderá o homem encontrar o poder de guiar e salvaguardar os seus passos?

Numa e só numa coisa apenas: a Filosofia.

Ser filósofo é manter o espírito divino puro e incólume dentro de si, para que ele transcenda todo o prazer e toda a dor, não empreenda nada sem um objetivo, ou com falsidade ou dissimulação, não fique na dependência das ações ou inações dos outros, aceite todas e cada uma das prescrições como vindas da mesma Fonte donde ele próprio veio — e final e principalmente, para

que espere a morte com dignidade, como nada mais do que a simples dissolução dos elementos de que todo o organismo vivo é composto.

Se esses próprios elementos não se danificam com a incessante formação e re-formação, porquê olhar com desconfiança a transformação e dissolução do todo?

Trata-se apenas do curso da Natureza; e no curso da Natureza não se encontra mal nenhum.”