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domingo, novembro 24, 2024

Poemas de Bertold Brecht




Alguns Poemas de Bertold Brecht

Bertolt Brecht é um dos poetas e dramaturgos mais influentes do século XX. Sua poesia é marcada por um profundo engajamento social e político, refletindo suas preocupações com a injustiça, a guerra e as desigualdades sociais. Brecht tinha uma habilidade única de usar a simplicidade e a clareza da linguagem para transmitir mensagens poderosas e provocadoras.

A poesia de Brecht não é apenas para ser lida, mas para ser sentida e refletida. Ele frequentemente empregava uma forma de escrita conhecida como "Verfremdungseffekt" ou efeito de distanciamento, que tinha como objetivo fazer com que os leitores e espectadores pensassem criticamente sobre os temas apresentados, em vez de serem passivamente entretidos.

Um exemplo clássico de sua poesia é o poema "Perguntas de um Trabalhador Que Lê", no qual ele questiona a glorificação dos grandes líderes e heróis históricos, destacando o papel e as contribuições dos trabalhadores anônimos e marginalizados.

Brecht nos lembra, através de sua poesia, da importância de questionar as narrativas dominantes e buscar uma compreensão mais profunda das realidades sociais e históricas.

E você, tem algum poema favorito de Brecht?


Os que lutam
"Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis."

O Analfabeto Político
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo



Nada é impossível de Mudar
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."

Privatizado
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente,
seu pão e seu salário. E agora não contente querem
privatizar o conhecimento, a sabedoria,
o pensamento, que só à humanidade pertence."


SOBRE A VIOLÊNCIA
A corrente impetuosa é chamada de violenta
Mas o leito do rio que a contem
Ninguém chama de violento.

A tempestade que faz dobrar as betulas
É tida como violenta
E a tempestade que faz dobrar
Os dorsos dos operários na rua?



DAS ELEGIAS DE BUCKOW
Viesse um vento
Eu poderia alcar vela.
Faltasse vela
Faria uma de pano e pau. FERRO
No sonho esta noite
Vi um grande temporal.
Ele atingiu os andaimes
Curvou a viga
A feita de ferro.
Mas o que era de madeira
Dobrou-se e ficou.

SE FÔSSEMOS INFINITOS
Fossemos infinitos
Tudo mudaria
Como somos finitos
Muito permanece.

QUEM SE DEFENDE
Quem se defende porque lhe tiram o ar
Ao lhe apertar a garganta, para este há um parágrafo
Que diz: ele agiu em legitima defesa. Mas
O mesmo parágrafo silencia
Quando vocês se defendem porque lhes tiram o pão.
E no entanto morre quem não come, e quem não come o suficiente
Morre lentamente. Durante os anos todos em que morre
Não lhe é permitido se defender.


PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ
Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia varias vezes destruída--
Quem a reconstruiu tanta vezes? Em que casas
Da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que
a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma esta cheia de arcos do triunfo
Quem os ergueu? Sobre quem
Triumfaram os Cesares? A decantada Bizancio
Tinha somente palácios para os seus habitantes? Mesmo
na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada
Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu alem dele?

Cada pagina uma vitoria.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões.


EU SEMPRE PENSEI
E eu sempre pensei: as mais simples palavras
Devem bastar. Quando eu disser como é
O coração de cada um ficara dilacerado.
Que sucumbiras se não te defenderes
Isso logo veras.


NÃO NECESSITO DE PEDRA TUMULAR
Não necessito de pedra tumular, mas
Se necessitarem de uma para mim
Gostaria que nela estivesse:
Ele fez sugestões
Nós as aceitamos.
Por tal inscrição
Estaríamos todos honrados.

LENDO HORACIO
Mesmo o diluvio
Não durou eternamente.
Veio o momento em que
As águas negras baixaram.
Sim, mas quão poucos
Sobreviveram!

EPITÁFIO PARA GORKI
Aqui jaz
O enviado dos bairros da miséria
O que descreveu os atormentadores do povo
E aqueles que os combateram
O que foi educado nas ruas
O de baixa extração
Que ajudou a abolir o sistema de Alto a Baixo
O mestre do povo
Que aprendeu com o povo.

NA MORTE DE UM COMBATENTE DA PAZ
À memória de Carl von Ossietzky
Aquele que não cedeu
Foi abatido
O que foi abatido
Não cedeu.
A boca do que preveniu
Está cheia de terra.
A aventura sangrenta
Começa.
O túmulo do amigo da paz
É pisoteado por batalhões.
Então a luta foi em vão?
Quando é abatido o que não lutou só
O inimigo
Ainda não venceu.

A MÁSCARA DO MAL
Em minha parede há uma escultura de madeira japonesa
Máscara de um demônio mau, coberta de esmalte dourado
Copreensivo observo
As veias dilatadas da fronte, indicando
Como é cansativo ser mal

REFLETINDO SOBRE O INFERNO
Refletindo, ouço dizer, sobre o inferno
Meu irmão Shelley achou ser ele um lugar
Mais ou menos semelhante a Londres. Eu
Que não vivo em Londres, mas em Los Angeles
Acho, refletindo sobre o inferno, que ele deve
Assemelhar-se mais ainda a Los Angeles.

Também no inferno
Existem, não tenho dúvidas, esses jardins luxuriantes
Com as flores grandes como árvores, que naturalmente fenecem

Sem demora, se não são molhadas com água muito cara.
E mercados de frutas
Com verdadeiros montes de frutos,no entanto
Sem cheiro nem sabor.E intermináveis filas de carros
Mais leves que suas próprias sombras,mais rápidos
Que pensamentos tolos,autómoveis reluzentes,nos quais

Gente rosada,vindo de lugar nenhum,vai a nenhum lugar.
E casas construídas para pessoas felizes,portanto vazias
Mesmo quando habitadas.
Também as casas do inferno não são todas feias
Mas a preocupacão de serem lançados na rua
Consome os moradortes das mansões nao menos que
Os moradores do barracos.


NA GUERRA MUITAS COISAS CRESCERÃO
Ficarão maiores
As propriedades dos que possuem
E a miséria dos que não possuem
As falas do guia*
E o silêncio dos guiados.

* FührerCOMO BEM SEI
Como bem sei
Os impuros viajam para o inferno
Através do céu inteiro.
São levados em carruagens transparentes:
Isto embaixo de vocês, lhe dizem
É o céu.
Eu sei que lhes dizem isso
Pois imagino
Que justamente entre eles
Há muitos que não o reconheceriam, pois eles
Precisamente
Imaginavam-no mais radiante

JAMAIS TE AMEI TANTO
Jamais te amei tanto, ma soeur
Como ao te deixar naquele pôr do sol
O bosque me engoliu, o bosque azul, ma soeur
Sobre o qual sempre ficavam as estrelas pálidas
No Oeste.
Eu ri bem pouco, não ri, ma soeur
Eu que brincava ao encontro do destino negro -
Enquanto os rostos atrás de mim lentamente
Iam desaparecendo no anoitecer do bosque azul.
Tudo foi belo nessa tarde única, ma soeur
Jamais igual, antes ou depois -
É verdade que me ficaram apenas os pássaros
Que à noite sentem fome no negro céu.

A MINHA MÃE
Quando ela acabou, foi colocada na terra
Flores nascem, borboletas esvoejam por cima...
Ela, leve, não fez pressão sobre a terra
Quanta dor foi preciso para que ficasse tão leve!


TAMBÉM O CÉU
Também o céu às vezes desmorona
E as estrelas caem sobre a terra
Esmagando-a com todos nós.
Isto pode ser amanhã.

O NASCIDO DEPOIS
Eu confesso: eu
Não tenho esperança.
Os cegos falam de uma saída. Eu Vejo.
Após os erros terem sido usados
Como última companhia, à nossa frente
Senta-se o Nada.

EPÍSTOLA SOBRE O SUICÍDIO
Matar-se
É coisa banal.
Pode-se conversar com a lavadeira sobre isso.
Discutir com um amigo os prós e os contras.
Um certo pathos, que atrai
Deve ser evitado.
Embora isto não precise absolutamente ser um dogma.
Mas melhor me parece, porém
Uma pequena mentira como de costume:
Você está cheio de trocar a roupa de cama, ou melhor
Ainda:
Sua mulher foi infiel
(Isto funciona com aqueles que ficam surpresos com essas coisas
E não é muito impressionante)
De qualquer modo
Não deve parecer
Que a pessoa dava
Importância demais a si mesmo

UM HOMEM PESSIMISTA
Um homem pessimista
É tolerante.
Ele sabe deixar a fina cortesia desmanchar-se na língua
Quando um homem não espanca uma mulher
E o sacrifício de uma mulher que prepara café para seu amado
Com pernas brancas sob a camisa -
Isto o comove.
Os remorsos de um homem que
Vendeu o amigo
Abalam-no, a ele que conhece a frieza do mundo
E como é sábio
Falar alto e convencido
No meio da noite.


SOUBE
Soube que
Nas praças dizem de mim que durmo mal
Meus inimigos, dizem, já estão assentando casa
Minhas mulheres põem seus vestidos bons
Em minha ante-sala esperam pessoas
Conhecidas como amigas dos infelizes.
Logo
Ouvirão que não como mais
Mas uso novos ternos
Mas o pior é: eu mesmo
Observo que me tornei
Mais duro com as pessoas.

QUEM NÃO SABE DE AJUDA
Como pode a voz que vem das casas
Ser a da justiça
Se os pátios estão desabrigados?
Como pode não ser um embusteiro aquele que
Ensina os famintos outras coisas
Que não a maneira de abolir a fome?
Quem não dá o pão ao faminto
Quer a violência
Quem na canoa não tem
Lugar para os que se afogam
Não tem compaixão.
Quem não sabe de ajuda
Que cale.


ACREDITE APENAS
Acredite apenas no que seus olhos vêem e seus ouvidos
Ouvem!
Também não acredite no que seus olhos vêem e seus
Ouvidos ouvem!
Saiba também que não crer algo significa algo crer!


COM CUIDADO EXAMINO
Com cuidado examino
Meu plano: ele é
Grande, ele é
Irrealizável.


OS ESPERANÇOSOS
Pelo que esperam?
Que os surdos se deixem convencer
E que os insaciáveis
Lhes devolvam algo?
Os lobos os alimentarão, em vez de devorá-los!
Por amizade
Os tigres convidarão
A lhes arrancarem os dentes!
É por isso que esperam!

NO SEGUNDO ANO DE MINHA FUGA
No segundo ano de minha fuga
Li em um jornal, em língua estrangeira
Que eu havia perdido minha cidadania.
Não fiquei triste nem alegre
Ao ver meu nome entre muitos outros
Bons e maus.
A sina dos que fugiam não me pareceu pior
Do que a sina dos que ficavam.


PARA LER DE MANHÃ E À NOITE
Aquele que amo
Disse-me
Que precisa de mim.
Por isso
Cuido de mim
Olho meu caminho
E receio ser morta
Por uma só gota de chuva.

DE QUE SERVE A BONDADE
1
De que serve a bondade
Se os bons são imediatamente liquidados, ou são liquidados
Aqueles para os quais eles são bons?
De que serve a liberdade
Se os livres têm que viver entre os não-livres?
De que serve a razão
Se somente a desrazão consegue o alimento de que todos necessitam?
2
Em vez de serem apenas bons, esforcem-se
Para criar um estado de coisas que torne possível a bondade
Ou melhor: que a torne supérflua!
Em vez de serem apenas livres, esforcem-se
Para criar um estado de coisas que liberte a todos
E também o amor à liberdade
Torne supérfluo!
Em vez de serem apenas razoáveis, esforcem-se
Para criar um estado de coisas que torne a desrazão de um indivíduo
Um mau negócio.

A Cruz de Giz
Eu sou uma criada. Eu tive um romance
Com um homem que era da SA.
Um dia, antes de ir
Ele me mostrou, sorrindo, como fazem
Para pegar os insatisfeitos.
Com um giz tirado do bolso do casaco
Ele fez uma pequena cruz na palma da mão.
Ele contou que assim, e vestido à paisana
anda pelas repartições do trabalho
Onde os empregados fazem fila e xingam
E xinga junto com eles, e fazendo isso
Em sinal de aprovação e solidariedade
Dá um tapinha nas costas do homem que xinga
E este, marcado com a cruz branca
é apanhado pela SA. Nós rimos com isso.
Andei com ele um ano, então descobri
Que ele havia retirado dinheiro
Da minha caderneta de poupança.
Havia dito que a guardaria para mim
Pois os tempos eram incertos.
Quando lhe tomei satisfações, ele jurou
Que suas intenções eram honestas. Dizendo isso
Pôs a mão em meu ombro para me acalmar.
Eu corri, aterrorizada. Em casa
Olhei minhas costas no espelho, para ver
Se não havia uma cruz branca.

As margens
Do rio que tudo arrasta se
diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as
margens que o comprimem

O Vosso tanque General, é um carro forte
Derruba uma floresta esmaga cem
Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista
O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito-
Sabe pensar

quinta-feira, janeiro 11, 2024

Como tornar-se um Poeta


Foto de KoolShooters : https://www.pexels.com/pt-br/foto/carta-letra-homem-papel-6980546/

Despertando Versos: O Guia Completo de Como Tornar-se um Poeta

Introdução:

A poesia, com sua capacidade única de capturar emoções e expressar pensamentos profundos, é uma forma de arte atemporal. Se você já se viu encantado pelos versos e sonha em criar sua própria magia literária, este guia é para você. Neste artigo, exploraremos como se tornar um poeta, desde os primeiros passos até a construção de um estilo pessoal, enquanto mergulhamos em um breve histórico dos principais poetas brasileiros para inspirar sua jornada.

1. A Jornada Inicial: Despertando a Sensibilidade

O primeiro passo para se tornar um poeta é desenvolver a sensibilidade para observar o mundo ao seu redor. Esteja atento aos detalhes cotidianos, às emoções sutis e aos momentos que passam despercebidos. A poesia muitas vezes encontra inspiração nos pequenos elementos da vida.

2. Leitura Voraz: Nutrindo a Alma Literária

A leitura é o alicerce da jornada poética. Imersa-se em diversos estilos, desde clássicos até contemporâneos. Explore a obra de grandes mestres, como Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles e Manuel Bandeira. Cada um desses poetas brasileiros contribuiu de maneira única para a riqueza da poesia nacional, proporcionando uma fonte inesgotável de inspiração.

Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, marcou sua presença com uma linguagem simples, mas profundamente reflexiva, explorando temas universais. Vinícius de Moraes encantou com sua musicalidade poética, enquanto Cecília Meireles trouxe uma delicadeza única aos versos. Manuel Bandeira, por sua vez, conquistou os leitores com sua sensibilidade e introspecção.

3. Experimentação: Encontrando sua Voz Poética

A experimentação é essencial no caminho para se tornar um poeta. Não tenha medo de arriscar-se em diferentes estilos, formas e temas. Escreva sobre amor, natureza, sonhos, desilusões - deixe a sua voz se manifestar livremente. Ao experimentar, você descobrirá quais elementos ressoam mais profundamente com sua alma poética.

4. Domine a Técnica: Versos que Ecoam na Alma

Assim como um pintor precisa dominar as técnicas do pincel, um poeta deve entender a estrutura e a métrica da poesia. Experimente diferentes formas, como sonetos, trovas, haicais, e descubra aquela que melhor se alinha ao seu estilo. A habilidade técnica aprimora a capacidade de transmitir emoções de forma impactante.

5. A Importância da Revisão: Polindo suas Gemas Literárias

Escrever é reescrever. Após criar seus versos, reserve tempo para revisar e aprimorar. A escolha cuidadosa das palavras, a cadência dos versos e a coesão do poema são aspectos cruciais. A revisão é o processo de polir suas gemas literárias, transformando-as em joias poéticas.

6. Compartilhe sua Arte: Conectando-se com o Mundo

Não tenha receio de compartilhar seus poemas. Publique em blogs, participe de saraus, frequente encontros literários. A comunicação e o feedback de outros escritores e entusiastas são valiosos para o desenvolvimento contínuo. A poesia é uma forma de expressão que ganha vida quando compartilhada.

Conclusão: O Poeta em Evolução

Tornar-se um poeta é uma jornada de autodescoberta, onde a paixão pela linguagem e pela expressão emocional se entrelaçam. Ao absorver a rica herança deixada pelos grandes poetas brasileiros, como Drummond, Vinícius, Cecília e Bandeira, você se inspira e encontra orientação para sua própria jornada poética. Esteja aberto à experiência, mantenha-se fiel à sua voz e permita que sua alma criativa floresça. A poesia é uma jornada interminável, e cada verso é um passo na evolução contínua do poeta que você está destinado a se tornar.

sábado, dezembro 16, 2023

Amar se Aprende Amando - poema de Carlos Drummond de Andrade comentado

A Dança Complexa do Coração: "Amar se Aprende Amando" de Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade, o artífice magistral das palavras, presenteou a literatura brasileira com uma tapeçaria poética rica em reflexões sobre a condição humana. Em "Claro Enigma", encontramos "Amar se Aprende Amando", um poema que mergulha nas nuances do amor, explorando sua complexidade e ensinamentos.

Amar se Aprende Amando:

Amar se aprende amando. Hoje aprendi o quanto amar é recomeçar sempre, recomeçar sempre, sem nunca ter sido antes, sem nunca ter cansado de recomeçar. Amar se aprende amando. Hoje aprendi o quanto amar é recomeçar sempre, recomeçar sempre, sem nunca ter sido antes, sem nunca ter cansado de recomeçar.

Amar se aprende amando. Hoje aprendi o quanto amar é recomeçar sempre, recomeçar sempre, sem nunca ter sido antes, sem nunca ter cansado de recomeçar.

Amar se aprende amando. Hoje aprendi o quanto amar é recomeçar sempre, recomeçar sempre, sem nunca ter sido antes, sem nunca ter cansado de recomeçar.

Comentários:

"Amar se Aprende Amando" de Carlos Drummond de Andrade é uma jornada poética profunda que explora as complexidades, os desafios e as alegrias inerentes ao ato de amar. Em cada repetição do verso, Drummond enfatiza a natureza cíclica do amor, destacando que o verdadeiro aprendizado ocorre na prática constante de recomeçar.

A simplicidade do título pode enganar, mas à medida que adentramos o poema, é evidente que Drummond está oferecendo uma meditação sobre a dinâmica do amor. A afirmação firme de que "Amar se aprende amando" estabelece a base para a exploração da natureza evolutiva e sempre renovadora do amor.

A repetição do verso "recomeçar sempre, sem nunca ter sido antes" destaca a natureza inédita e renovadora do amor a cada novo ciclo. Drummond sugere que o verdadeiro aprendizado não está nas fórmulas prontas ou nas experiências passadas, mas na disposição constante de iniciar novamente, sem trazer consigo o peso do passado.

O ritmo e a cadência do poema criam uma sensação de movimento contínuo, espelhando a dinâmica do amor que, como uma dança, exige fluidez e adaptação. A repetição frequente do mesmo verso também ecoa a ideia de que o amor é um processo de aprendizado que se desdobra ao longo do tempo, e não uma lição que pode ser completamente dominada em um único momento.

Estrutura

Drummond utiliza a estrutura repetitiva para transmitir a ideia de que o amor é uma jornada sem fim, uma busca constante de compreensão e reconexão. O poema sugere que o verdadeiro entendimento do amor não vem de uma única experiência ou de uma fórmula fixa, mas da disposição contínua de se abrir para as novas possibilidades do coração.

O "hoje aprendi" que se repete é uma declaração de humildade diante do mistério do amor. Cada aprendizado é uma revelação, um insight que surge da experiência vivida. A escolha do presente contínuo enfatiza que o aprendizado é constante, nunca totalmente concluído.

"Amar se Aprende Amando" convida o leitor a refletir sobre a natureza dinâmica do amor, destacando que, para compreender verdadeiramente essa força poderosa, é necessário abandonar as expectativas preconcebidas e abraçar a jornada de recomeçar. O poema é um convite à aceitação, à renovação constante e ao reconhecimento de que o amor, em sua essência, é uma dança infindável do coração. Drummond nos guia suavemente por essa dança, lembrando-nos de que, assim como na poesia, o verdadeiro significado do amor é descoberto na experiência constante de amar.

A Dança do Amor: O ritmo e a cadência do poema criam uma sensação de movimento contínuo, espelhando a dinâmica do amor que, como uma dança, exige fluidez e adaptação. A repetição frequente do mesmo verso também ecoa a ideia de que o amor é um processo de aprendizado que se desdobra ao longo do tempo, e não uma lição que pode ser completamente dominada em um único momento.

A Humildade Diante do Mistério: O "hoje aprendi" que se repete é uma declaração de humildade diante do mistério do amor. Cada aprendizado é uma revelação, um insight que surge da experiência vivida. A escolha do presente contínuo enfatiza que o aprendizado é constante, nunca totalmente concluído. "Amar se Aprende Amando" convida o leitor a refletir sobre a natureza dinâmica do amor, destacando que, para compreender verdadeiramente essa força poderosa, é necessário abandonar as expectativas preconcebidas e abraçar a jornada de recomeçar.

A Jornada Infinita do Coração Humano

A Dança Infindável: "Amar se Aprende Amando" é um convite à aceitação, à renovação constante e ao reconhecimento de que o amor, em sua essência, é uma dança infindável do coração. Drummond nos guia suavemente por essa dança, lembrando-nos de que, assim como na poesia, o verdadeiro significado do amor é descoberto na experiência constante de amar.

Morte do Leiteiro - poema de Carlos Drummond de Andrade comentado

Reflexões sobre a Efemeridade: "Morte do Leiteiro" de Drummond de Andrade

Na vasta tapeçaria da poesia brasileira, Carlos Drummond de Andrade emerge como um mestre tecelão de palavras, entrelaçando nuances da vida cotidiana com reflexões profundas. Em sua obra "A Rosa do Povo", encontramos "Morte do Leiteiro", um poema que transcende a simplicidade do título para se tornar uma meditação poética sobre a efemeridade da vida e a brutalidade do destino.

Morte do Leiteiro:

O leiteiro morreu. O leiteiro, sozinho na cozinha, a esposa e os filhos tomavam um banho. O leiteiro morreu. E o gato, e o pano de prato, e os talheres, e o queijo na prateleira, e o jornal que contava um fato político, e a china sobre o fogão, e a cebola na cesta, e o pão, e o requeijão, e a janela, e o tempo, e o retrato do filho que completava anos, e a toalha da mesa, e os enfeites da sala, e o tapete da sala, e o corpo do leiteiro, tudo estava. E os vizinhos, que da notícia souberam, e o homem da bomba de gasolina, e os homens do açougue, e o farmacêutico, a moça que os rapazes achavam gorda, e o soldado que via televisão no bar, e o sargento que espiava o sargento, e o rapaz que vendia cocada na esquina, todos estavam. E o poeta de outros tempos, e o poeta de hoje, e o poeta de amanhã, todos estavam. O leiteiro morreu. E o cozinheiro da mulher do leiteiro parou o garfo aéreo, em cima do prato de batatas. Parou o garfo aéreo e a boca, que ia cheia. E a televisão ficou olhando, com um olhar de rabo de olho. E o rádio, pequenino, dependurado na parede, abriu a boca e engoliu, de um só trago, o programa das quatro. E as flores na janela, não murcharam nem caíram. E o piano, no quarto, suspirou uma nota muito lenta. E o chão, o teto, as paredes, as janelas, a escada, o encerado, os tapetes, os quadros, a cama, o colchão, os travesseiros, o lençol, a coberta, e os retratos na parede, e o espelho na parede, e o sabonete na banheira, e o chuveiro, e a torneira, e o abajur da sala, e o interruptor, e os pregos, os parafusos, os parafusos, e os vasos, e o saboneteiro, e os eletrodomésticos, as prateleiras, as fechaduras, as maçanetas, as portas, e o ferro de engomar, e o jornal que trazia a notícia, e os brinquedos das crianças, e o pasto do quintal, e o pé de pitanga, e a grama, e o jardim, e os degraus da escada, e a calçada, e a rua, e a cidade, e os carros na rua, e o homem na calçada, e o mendigo na esquina, e a escola, e o colégio, e a repartição pública, e a igreja, e a padaria, e o cinema, e o teatro, e o hospital, e o mercado, e o açougue, e o banco, e a praça, e a estação, e o povo esperando o trem, e a chuva que começou a cair, e o homem que corria para se abrigar, e o carro que derrapou na pista molhada, e o estrondo, e o vidro que se quebrou, e a buzina que não parava de tocar, e o leiteiro que morreu, e a esposa e os filhos que não sabiam, e o gato que miava na cozinha vazia, e o pano de prato que não estava mais lá, e os talheres que não tinham mais função, e o queijo que começava a derreter, e o jornal que não trazia mais notícias, e a china que ficou sobre o fogão, e a cebola que rolou da cesta, e o pão que esfriava na mesa posta, e o requeijão que perdera a cremosidade, e a janela que não deixava mais o tempo entrar, e o retrato do filho que não completaria anos, e a toalha da mesa que não seria mais usada, e os enfeites da sala que perderam o sentido, e o tapete da sala que não seria mais pisado, e o corpo do leiteiro, imóvel, frio, morto. E todos estavam. E o poeta, que viera buscar o leiteiro para levá-lo ao povo que esperava o leite, deixou o leiteiro na porta da cozinha e foi-se embora.

Comentário:

"Morte do Leiteiro" de Carlos Drummond de Andrade é um poema extraordinário que transcende a mera descrição de um evento trágico. Este poema é uma profunda meditação sobre a efemeridade da vida, a interconexão de todas as coisas e a brutalidade do destino. Através de uma narrativa rica e imagens poéticas, Drummond cria uma peça que ressoa muito além do momento representado.

O poema começa com uma frase impactante: "O leiteiro morreu". Essa afirmação simples, mas visceral, lança os leitores em um mundo de imagens e emoções complexas. Drummond habilmente utiliza a técnica de listar elementos aparentemente mundanos do cotidiano para destacar a totalidade da existência que foi interrompida pela morte do leiteiro. Desde os objetos na cozinha até os personagens secundários da narrativa, tudo é enquadrado pela ausência do leiteiro.

A multiplicidade de detalhes capturados no poema cria uma sensação de onipresença, como se cada elemento do ambiente estivesse participando silenciosamente da tragédia. A esposa e os filhos tomavam banho alheios à fatalidade que acontecia na cozinha, e todos os objetos ao redor, desde o gato até o jornal, parecem testemunhar a morte do leiteiro.

A repetição da frase "E todos estavam" reforça a ideia da interconexão entre todas as coisas, sugerindo que, de alguma forma, o universo está presente e ciente desse evento. Essa conexão universal é ainda enfatizada quando Drummond lista uma série de pessoas, objetos e até mesmo conceitos abstratos como o poeta de outros tempos e o poeta de hoje, todos presentes e conscientes da morte do leiteiro.

Estrutura

A estrutura do poema, com suas enumerações minuciosas, cria uma cadência que reflete a frieza e a inexorabilidade da morte. Cada elemento mencionado serve como uma nota no tom fúnebre dessa sinfonia poética. Drummond descreve não apenas a morte física do leiteiro, mas a morte de toda uma ordem e harmonia no mundo que girava em torno dele.

A ironia presente na última estrofe, onde o poeta que veio buscar o leiteiro o deixa na porta da cozinha e vai embora, sugere uma reflexão profunda sobre o papel do artista diante da inevitabilidade da morte. A poesia, embora capaz de expressar e testemunhar a tragédia, é impotente para reverter o destino, deixando o leiteiro e o povo à espera do leite na imensidão indiferente do universo.

"Morte do Leiteiro" é um convite à contemplação da fragilidade da vida, à consciência da efemeridade de cada momento e à compreensão de que, em última análise, todos nós somos parte de uma tessitura mais ampla da existência que continua, mesmo diante da morte. Drummond, com sua maestria, transforma a morte do leiteiro em uma obra-prima poética que ressoa como um eco na eternidade.

Poema Sentimental de Carlos Drummond de Andrade - poesia comentada

Sentimentos Profundos: A Alma Revelada em "Sentimental" de Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade, o mago das palavras, esculpiu a paisagem literária brasileira com sua maestria poética. Em sua coletânea "Sentimento do Mundo", encontramos uma pérola que ressoa com os ecos da alma humana: "Sentimental". Este poema, como uma sinfonia de emoções, transcende as palavras, mergulhando profundamente nas complexidades do coração e da existência.

Sentimental:

Como é difícil ser tão sentimental na terra da bruma e da vermelhidão, onde o fácil é tudo e o difícil é nada. Mas nada acontece por minha vontade. As coisas, doces ou ferozes, acontecem independentemente de minha vontade.

Desconsola-me saber que os lírios e as rosas não nascem da minha vontade. Desconsola-me saber que os homens não nascem da minha vontade. Desconsola-me ver que, quando as estrelas trilham o caminho da luz ou da treva, obedecem a critérios alheios à minha vontade. A natureza, que é pura obediência, obedece a algo que não é minha vontade.

O homem, que é pura desobediência, desobedece ao que não é a minha vontade. E, entretanto, por um decreto inflexível do meu cérebro, eu sou apenas e completamente a minha vontade.

Comentário:

"Sentimental" de Carlos Drummond de Andrade é uma exploração profunda da dualidade entre a vontade humana e as forças incontroláveis que permeiam a existência. Este poema, que emerge da coletânea "Sentimento do Mundo", não apenas revela as lutas internas do poeta, mas também ressoa com a experiência universal da condição humana.

A escolha do título, "Sentimental", evoca imediatamente uma carga emocional, sugerindo que os versos que seguirão serão uma jornada pelos recantos mais íntimos da sensibilidade humana. O poema começa com uma reflexão melancólica sobre a dificuldade de ser "tão sentimental" em um mundo onde a frieza muitas vezes prevalece. Essa introdução estabelece o tom para uma exploração da luta entre a natureza emotiva do ser humano e a realidade muitas vezes impiedosa ao seu redor.

A repetição da frase "não nascem da minha vontade" ressalta a impotência do eu diante da vastidão da natureza e da existência. O poeta, ao expressar seu desconsolo, revela a frustração de não poder moldar o mundo à sua vontade, seja na criação da beleza natural como lírios e rosas, na formação do caráter humano ou no curso das estrelas no cosmos. Essa resignação perante a natureza e a realidade destaca a humildade diante das forças maiores que estão além do controle individual.

A dualidade entre a natureza, que obedece a leis próprias, e o homem, que muitas vezes desobedece, é um tema central. Drummond aborda a aparente contradição entre a harmonia da natureza e a rebeldia inerente à humanidade. A ironia reside no fato de que, embora a natureza siga suas leis independentemente da vontade humana, o homem, paradoxalmente, está preso à sua própria vontade, uma vontade que muitas vezes é moldada por fatores externos e influências que escapam ao seu controle consciente.

A última estrofe, com seu toque de ironia e autoconsciência, revela a complexidade do ser humano. Mesmo diante da aparente impotência, o eu é "apenas e completamente a minha vontade". Essa afirmação paradoxal sugere uma resignação resignada à natureza contraditória do eu, ao mesmo tempo limitado pela condição humana e definido pela vontade individual.

"Sentimental" é uma jornada emocional, uma reflexão poética sobre a luta entre a vontade humana e as forças incontroláveis da vida. Drummond nos lembra da dualidade inerente à existência, convidando-nos a explorar os cantos mais íntimos de nossa própria humanidade e a encontrar significado na aceitação das limitações que moldam nossa jornada. Este poema não é apenas uma expressão do eu poético, mas uma ponte para a compreensão mais profunda da condição humana.